terça-feira, 25 de agosto de 2009

já lá vão 21 anos. Será possível?

Lembro-me bem. Tinha nesse dia marcada a minha primeira prova de esforço (33 anos, colesterol elevado e a idade dos deuses, não sendo um deles...). 1988. Agosto em Lisboa. A ouvir a TSF enquanto fazia a barba..

Foi assim que soube do que se estava a passar. Fui à consulta, mas o técnico da prova de esforço morava precisamente... no Chiado... e não apareceu. Tempo para ver notícias.

...hoje o Chiado está recuperado e uma das zonas de Lisboa mais convidativas para um café e deambulações ao sábado de manhã, nos dias frios mas solarengos de Inverno...


...e o Fernando Pessoa dá-nos a benção, qual Homem do Leme...

4 comentários:

Virginia disse...

Foi das catastrofes que mais me abalou aqui no Porto, onde para mim Lisboa já era....
Vieram-me à memória mil e uns momentos da minha infancia e adolescência, idas à Baixa com a minha Mãe, compras para o enxoval no Grandella e no Chiado, prendas de casamento no José Alexandre, roupa no Ramiro Leão, materiais para a escola na Papelaria Fernandes, batidos de morango na Ferrari, etc.etc.
Nada voltará...nunca mais. O Chiado está moderno, mas não é o mesmo.
Voltei lá umas duas vezes, mas já não me diz muito...um pouco como aqui no Porto, onde o Palladium virou Fnac, os cafés viram bancos, as confeitarias desaparecem....

Anónimo disse...

As memórias ajudam a perspectivar o tempo e o espaço.
Tinha 18 anos, regressava das primeiras férias sózinha e de repente a TSF.
Vivia no Principe Real, desci correndo com leite para os Bombeiros. E doeu...
A Baixa de Cima ( como lhe chamava) estava em chamas, o espectáculo até poderia ser belo se fosse noutro qualquer lugar, mas era ali.

Batidos da Ferrari, Os Croissants da Bénard, os Tecidos, Os armazéns do Chiado, antes ainda o Jerónimo Martins, os Sapatos por medida na Mabel, as Luvas século XIX...
Acho que era muito Século XIX, e eu que não sou deste tempo sentia-me em casa no Chiado.
Hoje é cosmopolita, mas perdeu encanto...
A Srª da tabacaria da Brasileira diz que está desejosa por se reformar...
às vezes retorno com os filhos para lhes devolver o cheiro de um tempo que ficou talvez nos escombros, ou então que fica mais saboroso na memória...
( definitivamente a nostalgia engorda com os dias...)
Rita Clara

Mário disse...

Para mim, "ir ao Chiado" é um deleite, ao sábado de manhã, passear, tomar um café, ler o jornal, "cheirar" a FNAC, ver a rehabilitação urbana.

É uma das zonas mais bonitas de Lisboa, e estou completamente de acordo com a Rita - as memórias "andam" por ali.

Virginia disse...

Compreendo que para os lisboetas, trocar um espaço já muito decadente por um muito "in" e cheio de ofertas culturais seja de facto um prazer. Mas para a minha geração, que cresceu e amadureceu a amar as pequenas coisas como ir a uma retrosaria com a Mãe ou comprar aguarelas numa papelaria em vez de ir ao Continente atafulhar-se de materiais, o incendio foi uma tragédia, um desabar de pequenas histórias e a "morte" de um tipo de vida.
Nem os rapazes iam com a Mães ao Chiado fazer compras, nem havia esse "link" feminino que nos traía tanto para aquele tipo de lojas.

Não sou de chorar sobre leite derramamdo, mas às vezes acho que eram momentos pessoais com a nossa Mãe, que nunca mais voltaram... ( e não voltariam nunca, porventura)