Assim se desmorona um país, numa das maiores tragédias naturais da história da Humanidade - a queda do Palácio Presidencial é paradigmática.
Mas valerá a pena entender como é que o Haiti chegou à pobreza extrema (ou dela nunca saíu), entre Papadocs e Duvalier-filhos, interesses ianques e vudus.
O Livro de Graham Greene, "Os Comediantes" (também num excelente filme com Richard Burton), relata bem o que era (e é) o Haiti.
Espero que a reconstrução avance, mas também que as políticas e os políticos mudem, caso contrário o Haiti será sempre uma mancha de subdesenvolvimento miserável. Aliás, basta ver o que se passa na outra metade da Ilha, a República Dominicana, para ver como é possível fazer diferente.
13 comentários:
Tudo isso se sabe, embora, tanto quanto me informei, a ONU vinha fazendo um bom trabalho.
Mas este golpe final; brutal transporta talvez consigo, os germes de um país novo, agora que está "nas bocas do mundo". Acredito que, por sobre os escombros - de tudo - algo de radicalmente novo possa nascer.
A violência - que é a história do Haiti afasta- nos. O sofrimento, faz-nos condoer. Talvez se esteja a escrever direito por linhas ( muito) tortas.
Já leste o livro do Graham Greene? Confesso que as histórias (e a realidade) dos Tonton Macoute, com os seus óculos escuros, magros e com jeitos de "pides para pior" me assusta, sobretudo quando associado ao vudu e às galinhas degoladas e o seu sangue aspergido. O povo não tem culpa, mas também alimentou sempre a violência e a miséria social e económica.
o livro é the Comedians, que tratei na minha tese de licenciatura e de que fizeram um filme com o r. burton, alec guiness...fantastico sobre o haiti sob a ditadura e os interesses americanos na ilha.
vale a pena ler e ver o filme.
Tem razão. Os comediantes. Já corrigi.
Depois da tragédia humana é o confronto com a recuperação impossível de um país que delapidou todos os seus recursos naturais. Não ficou nada que permita suportar a Vida!
Helena Freitas
É demasiadamente violento, mas continuo a achar que é bom reflectir sobre o que leva a que, na República Dominicana, eventos idênticos causem apenas alguns estragos. A Ilha é a mesma: La Hispaniola. Porquê então a discrepância?
A religião exacerbada e cega, o caos económico que delapidou as florestas e tudo o mais, a miséria intelectual, o medo, a violência... ainda é mais bizarro quando se pensa que o país foi criado para que os escravos libertos pudessem ter um espaço. E pensar que só os EUA intervieram, há anos, para acabar com os desmandos políticos... a passividade de muitos foi, também, um aliado dos sismos. Grande Graham Greene!
É demasiadamente violento, mas continuo a achar que é bom reflectir sobre o que leva a que, na República Dominicana, eventos idênticos causem apenas alguns estragos. A Ilha é a mesma: La Hispaniola. Porquê então a discrepância?
A religião exacerbada e cega, o caos económico que delapidou as florestas e tudo o mais, a miséria intelectual, o medo, a violência... ainda é mais bizarro quando se pensa que o país foi criado para que os escravos libertos pudessem ter um espaço. E pensar que só os EUA intervieram, há anos, para acabar com os desmandos políticos... a passividade de muitos foi, também, um aliado dos sismos. Grande Graham Greene!
Graham Greene foi um extraordinário romancista, mas também um crítico e repórter em situações políticas de crise. Ler " O Americano Tranquilo", no Vietnam, do qual se fez tb um filme espantoso com Michael Caine, ou "The Heart of the Matter" que se passa na Serra Leoa ou o fabuloso "The Power and the Glory, no México, "A Burnt-Out Case" em África, é conhecermos os países, as sua histórias e estórias, é acompanhar todaz as culturas pelas lentes dum excelente observador.
Fiz uma tese de 400 páginas sobre treze das suas obras e não me arrependo, apesar de em 1974 ter sido abolida a tese para uma pessoa se licenciar.
"The Comedians", precisamente, saiu nesse ano na Penguin - 1970 - e foi o último dele que eu analisei, por achar que o tema era muito interessante. Não tenho aqui a minha tese, infelizmente pois gostaria muito de rever o que escrevi sobre o Haiti.
Virgínia: descubra a Tese! E já!!! Há autores que marcaram uma geração, mas que parecem esquecidos nas novas gerações. E é pena. É dos escritores de que mais gosto.
Sei onde está...penso eu de que. Em casa do meu -ex, encadernada pobremente na Penitenciária de Coimbra. Recuperá-la-ei com facilidade. Não te preocupes.
Já leste o Monsignor Quixote? Fabuloso.
É também um dos meus escritores de eleição...Posso ir buscar a tese:-)
Helena Freitas
Coimbra
Também fui marcada por esse livro e filme. E lembro-me bem de quando andavas a fazer a Tese ! Os tontons simbolizam sempre para mim o terror e o mal incontrolável. Tem piada que me assustaram até mais que a própria Pide ou os Nazis (embora entre todos eles venha o Diabo e escolha). Não consigo imaginar o que é 50 mil mortos espalhados no meio de ruinas!!! Os escombros ainda podem ser removidos, mas as pessoas como se trata delas? Nestas alturas, é que vemos como são mesquinhos os nossos problemas portuguesinhos de aumentos salariais de mais décima menos décima...e outros semelhantes!
É verdade Teresa!
Mas, infelizmente, muito boa gente no mundo interiro, vive o seu dia-a-dia de uma forma egoísta, apenas preocupada com os seus problemas, que na maior parte dos casos até serão mesquinhos e pequenos, comparados com os verdadeiros problemas, como a saúde, as condições de higiene e saneamento básico, a escolaridade para os filhos, a ajuda aos idosos, a fome, etc. E vivem sempre a pensar que as tragédias só acontecem aos outros, e que, se calhar até são mortais, e por isso podem dar-se ao luxo de perder anos de vida com egoísmos, hipocrisias, maldades e futilidades. Infelizmente qualquer tragédia, seja ela de que dimensão for, pode bater-nos à porta a todos o momento, por isso é importante concentrar-mos a nossa vida naquilo que é verdadeiramente importante, e sermos solidários e generodos com o vizinho do lado e com o mundo inteiro.
O Haiti não merecia o que aconteceu, como nenhum país o merecia. Mas, também , espero sinceramente que o prório país, a começar pelas orgãos governamentais, e incluindo a população, bem como a comunidade internacional toda, para além da ONU, passem a olhar para este país de maneira diferente!!
Catarina
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