Empalideceu a Rainha, conhecendo como conhecia os acessos do marido, receosa do que diria se descobrisse o dinheiro que trazia para os pobres.
D. Dinis perguntou:
- Onde ides, senhora, tão pela manhã?
- Armar os altares do Convento de Santa Cruz, meu senhor!
- E que levais no regaço, minha rainha?
Houve um instante de hesitação, antes que a Rainha respondesse:
- São rosas, real senhor!
- Rosas, senhora rainha? - gritou encolerizado D. Dinis. - Rosas, em Janeiro?! - E declarou, incrédulo: Quereis, sem dúvida, enganar-me!
Digna e muito muito lentamente, largando a ponta do manto, respondeu Isabel:
- Senhor, não mente uma Rainha de Portugal!
E todos viram cair-lhe do manto, do local onde sabiam só haver moedas, uma chuva belíssima de rosas.
Pois assim reza a lenda, mas descobri no fim-de-semana que a realidade terá sido eventualmente diferente. Apesar do frio e da ventania, uma rosa, viçosa e bonita, da minha "colecção particular", exibia a sua força e, nela, a força da Natureza.
Afinal, não terá sido pelo Milagre das Rosas, que Isabel de Aragão foi apelidada de Rainha Santa...
7 comentários:
Quando vivi na Holanda em 1974 vi num livro de História da Holanda, do ensino secundário (talvez 7º, 8º Ano), um texto que contava exactamente a mesma história da rainha que transformou pães em rosas, mas claro... atribuída a uma rainha qualquer Holandesa. Ainda hoje sinto uma certa raiva de não ter fotocopiado aquela página que me deu um gozo bestial ter visto... "Rosas??? Não meus meninos... mentiras!"
É verdade que esta lenda, como outras, surge em várias versões, com protagonistas variadas. Idem para quase todos os mitos da nossa civilização, incluindo episódios bíblicos. Mas é verdade, também, que é uma história bonita, sejam quem forem as personagens. E mais bonita é esta rosa cezaredense. Bjs
O milagre consiste em D. Isabel já conhecer os métodos e fertilizantes que se usam em estufas, de modo a produzir flores e frutos fora da época:))
Quanto às histórias e lendas é curioso como tantas são comuns a outros países, que lhes chamam seus. Ainda hoje comprei flores para pôr na minha floreira da varanda. Adoro ver os vermelhos no meio da hera, que prolifera em tempo húmido e sobre pela parede.
Ainda não experimentei criar as plantas de raiz, limito-me a transplantar do vaso para a terra....mas qualquer dia tento.
O Mário desconhece o facto, mas as Cezaredas são, de há muito, conhecidas pelos seus fenómenos.Este, da rosa vermelha é um deles - a sub-rosa das Cezaredas.
Quanto ao episódio de D. Isabel , Luís de Matos defende que aquilo não foi milagre mas ilusionismo, tese corroborada pelo David Copperfield. Ambos têm , na nobre Senhora uma verdadeira guru, não sabiam?
Pensei que os fenómenos raros eram no Entroncamento, não nas Cezaredas. E eu que nunca lá fui , o que estou a perder....:))
Rosas....e que MAIS???
Também há fenómenos raros no Vale Paraíso-Azambuja. Temos lá umas rosas vermelhas lindas durante quase todo o ano. Foram plantadas em homenagem à nossa Mãe porque era a sua flor preferida. Deve ser por isso que estão sempre presentes.
Como conimbricence, estou certa de que não foi pelo milagre das rosas (também atribuído a uma rainha da Hungria), que a Rainha Isabel foi considerada Santa e era tão querida do seu povo. Uma grande rainha, assim como D. Dinis (não tanto como marido, segundo parece), a quem as Universidades Portuguesas, em especial, a de Coimbra, muito devem.
As lendas embelezam a história, verdadeiras ou falsas, ou alteradas. Recomendo o Livro Portugal Lendário, com lendas de todo o país. É muito interessante.
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