terça-feira, 26 de janeiro de 2010

o milagre das rosas


Empalideceu a Rainha, conhecendo como conhecia os acessos do marido, receosa do que diria se descobrisse o dinheiro que trazia para os pobres.

D. Dinis perguntou:
- Onde ides, senhora, tão pela manhã?
- Armar os altares do Convento de Santa Cruz, meu senhor!
- E que levais no regaço, minha rainha?
Houve um instante de hesitação, antes que a Rainha respondesse:
- São rosas, real senhor!
- Rosas, senhora rainha? - gritou encolerizado D. Dinis. - Rosas, em Janeiro?! - E declarou, incrédulo: Quereis, sem dúvida, enganar-me!
Digna e muito muito lentamente, largando a ponta do manto, respondeu Isabel:
- Senhor, não mente uma Rainha de Portugal!
E todos viram cair-lhe do manto, do local onde sabiam só haver moedas, uma chuva belíssima de rosas.

Pois assim reza a lenda, mas descobri no fim-de-semana que a realidade terá sido eventualmente diferente. Apesar do frio e da ventania, uma rosa, viçosa e bonita, da minha "colecção particular", exibia a sua força e, nela, a força da Natureza.

Afinal, não terá sido pelo Milagre das Rosas, que Isabel de Aragão foi apelidada de Rainha Santa...

7 comentários:

Sérgio disse...

Quando vivi na Holanda em 1974 vi num livro de História da Holanda, do ensino secundário (talvez 7º, 8º Ano), um texto que contava exactamente a mesma história da rainha que transformou pães em rosas, mas claro... atribuída a uma rainha qualquer Holandesa. Ainda hoje sinto uma certa raiva de não ter fotocopiado aquela página que me deu um gozo bestial ter visto... "Rosas??? Não meus meninos... mentiras!"

Huckleberry Friend disse...

É verdade que esta lenda, como outras, surge em várias versões, com protagonistas variadas. Idem para quase todos os mitos da nossa civilização, incluindo episódios bíblicos. Mas é verdade, também, que é uma história bonita, sejam quem forem as personagens. E mais bonita é esta rosa cezaredense. Bjs

Virginia disse...

O milagre consiste em D. Isabel já conhecer os métodos e fertilizantes que se usam em estufas, de modo a produzir flores e frutos fora da época:))

Quanto às histórias e lendas é curioso como tantas são comuns a outros países, que lhes chamam seus. Ainda hoje comprei flores para pôr na minha floreira da varanda. Adoro ver os vermelhos no meio da hera, que prolifera em tempo húmido e sobre pela parede.

Ainda não experimentei criar as plantas de raiz, limito-me a transplantar do vaso para a terra....mas qualquer dia tento.

miguel disse...

O Mário desconhece o facto, mas as Cezaredas são, de há muito, conhecidas pelos seus fenómenos.Este, da rosa vermelha é um deles - a sub-rosa das Cezaredas.

Quanto ao episódio de D. Isabel , Luís de Matos defende que aquilo não foi milagre mas ilusionismo, tese corroborada pelo David Copperfield. Ambos têm , na nobre Senhora uma verdadeira guru, não sabiam?

Virginia disse...

Pensei que os fenómenos raros eram no Entroncamento, não nas Cezaredas. E eu que nunca lá fui , o que estou a perder....:))

Rosas....e que MAIS???

Elisete disse...

Também há fenómenos raros no Vale Paraíso-Azambuja. Temos lá umas rosas vermelhas lindas durante quase todo o ano. Foram plantadas em homenagem à nossa Mãe porque era a sua flor preferida. Deve ser por isso que estão sempre presentes.

catuxa disse...

Como conimbricence, estou certa de que não foi pelo milagre das rosas (também atribuído a uma rainha da Hungria), que a Rainha Isabel foi considerada Santa e era tão querida do seu povo. Uma grande rainha, assim como D. Dinis (não tanto como marido, segundo parece), a quem as Universidades Portuguesas, em especial, a de Coimbra, muito devem.
As lendas embelezam a história, verdadeiras ou falsas, ou alteradas. Recomendo o Livro Portugal Lendário, com lendas de todo o país. É muito interessante.