terça-feira, 30 de dezembro de 2008

o meu primeiro poema


Neste final de ano, não resisto a colocar aqui o primeiro poema que escrevi, em 1968 - faz agora 40 anos -, para um trabalho de casa (redacção) de português sobre o tema "Inverno". O quadro que escolhi é de Fernando Pe, e intitula-se "Miséria". Permito-me discordar do pintor, porque o olhar digno da criança afasta o título de miséria - quanto muito indigência, pobreza, iniquidade.


Inverno da longa espera
pela Primavera

da chuva constante
dos céus prateados
do vento ululante
dos corpos gelados

Inverno da terra
da criança e da morte
do caos e da guerra
dos homens sem sorte

Inverno

Inverno que sempre insiste
Inverno dos longos dias
E do fogo que não existe
nas nossas lareiras vazias

Pobre criança triste
A infância não a teve
e só o boneco de neve
lhe sorri com olhar terno

Inverno
Inferno

3 comentários:

leonor kuan reino disse...

Feitas as contas, penso que deveria ter uns 12 anos, certo?
Não há qualquer margem de dúvida que a poesia corre nas veias e é inata!
A diferença é que UNS têm , outros não.
Parabéns e obrigado por nos dar a conhecer pedaços tão significativos da sua vida

Mário disse...

Treze...
Muito obrigado. Foi realmente a primeira vez que senti que tinha produzido algo, em poesia, que pudesse ter significado. Hoje vejo que sim e, sem falsas modéstias, fico muito feliz.
Bom Ano!

Virginia disse...

Já li um livro de poesia teu e gostei. Era simples, mas fazia sentido e possuía qualidade.