Natal - Fernando Pessoa
Natal... Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.
Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade!
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.
E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei!
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6 comentários:
O nonsense feito poesia...
Fernando Pessoa...unico na simplicidade das palavras.
Lindo.
Mariano Deidda, o grande músico e intérprete de Pessoa, a cujo concerto tive o privilégio de assistir e com quem me correspondo desde há uns anos, acha que Pessoa, ao contrário do que se descreve, era um homem normal, com sentido de humor, nada sorumbático, capaz de se apaixonar (Ófélia!) e com as mesmas expectativas e desilusões de todos os outros.
Só que sabia que somos compostos de muitos de nós próprios, e procurava transmiti-lo, de forma simples e melódica, através da poesia.
Cada vez que leio Pessoa - e é por revoadas, desde que o meu Pai me ofereceu seis livros dele, ainda comprados na Ática, ali na Alexandre Herculano -, descubro novas facetas, nele e nos seus poemas.
Bela Ática, onde ia em pequenita escolher livros para a minha madrinha me oferecer. Escolhia os baratinhos, como os cinco ou a colecção azul, sem me passar pela ideia, aproveitar da situação e adquir de graça livros "raros" ou muito valiosos!! Tinha apenas sete-oito anos....era uma ingénua.:)
Eu AMO Pessoa.
Revejo-me totalmente em todos os seus "eus". Somos, de facto, constituídos por parcelas que, no fim, revelam a nossa personalidade.
Só não percebo uma coisa. Virgínia: o que é que este poema tem de non-sense? Acho que faz muito sentido...
Eu também não percebi o non-sense.
Pelo menos neste poema...
Para mim o nonsense está na última quadra, descreve aquilo que nunca soubeo que era ou nunca teve, nem terá...
Não é isto nonsense? Literariamente penso que sim, mas posso estar enganada...:)
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