Natal - Pedro Tamen
Não digo do Natal – digo da nata
do tempo que se coalha com o frio
e nos fica branquíssima e exacta
nas mãos que não sabem de que cio
nasceu esta semente; mas que invade
esses tempos relíquidos e pardos
e faz assim que o coração se agrade
de terrenos de pedras e de cardos
por dezembros cobertos. Só então
é que descobre dias de brancura
esta nova pupila, outra visão,
e as cores da terra são feroz loucura
moídas numa só, e feitas pão
com que a vida resiste, e anda, e dura.
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2 comentários:
Não conhecia est poema...é tão fértil em imagens e sensações.
Gosto mesmo.
tenho uma foto quase igual tirada nos Alpes alemães, num local verdadeiramnte surreal, onde os montes e a neve cobrem tudo, deixando pequenos montículos verdes que esbracejam contra a brancura...quando o céu está azul, a neve refulge e os olhos doem...é magnífico.
O poema é lindo, e o branco da neve causa sempre sentimentos ambíguos - solidão e beleza, ao mesmo tempo.
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