terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Poemas de Natal 6 - Bocage

Natal - Bocage



Se considero o triste abatimento
Em que me faz jazer minha desgraça,
A desesperação me despedaça,
No mesmo instante, o frágil sofrimento.
Mas súbito me diz o pensamento,
Para aplacar-me a dor que me traspassa,
Que Este que trouxe ao mundo a Lei da Graça,
Teve num vil presepe o nascimento.
Vejo na palha o Redentor chorando,
Ao lado a Mãe, prostrados os pastores,
A milagrosa estrela os reis guiando.
Vejo-O morrer depois, ó pecadores,
Por nós, e fecho os olhos, adorando
Os castigos do Céu como favores.

2 comentários:

Virginia disse...

A tortura romântica...que não consigo interpretar se não como um estado d'alma de quem já nada espera da vida. Prefiro ver os magos a galopar na neve....

Mário disse...

O Bocage das anedotas não tem nada a ver com o Bocage real, poeta de amor, de ironia mas também de desespero.
É pena que um tão grande escritor tenha ficado com um papel um bocado ridículo na História.