segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Poemas de Natal 13 - Vitorino Nemésio

Natal chique - Vitorino Nemésio



Percorro o dia, que esmorece
Nas ruas cheias de rumor;
Minha alma vã desaparece
Na muita pressa e pouco amor.

Hoje é Natal. Comprei um anjo,
Dos que anunciam no jornal;
Mas houve um etéreo desarranjo
E o efeito em casa saiu mal.

Valeu-me um príncipe esfarrapado
A quem dão coroas no meio disto,
Um moço doente, desanimado…
Só esse pobre me pareceu Cristo.

2 comentários:

Virginia disse...

Vitorino Nemésio...lembro-me das suas aulas em que nos deixávamos embalar na conversa, como se estivéssemos a assistir a um programa de TV. Um poeta a sério, como outros que foram meus profs na FLUL, Ivette Centeno, João Flor, João Barrento, Tomaz Quim, tantos. Era demasiado nova para os apreciar devidamente, mas ficou-me cá dentro o gosto pelas metáforas :))

Mário disse...

Grande Homem. Menos falado e divulgado do que deveria ser. A ler e reler "Mau tempo no Canal".

Foi fundador e presidente da Associação de Protecção aos Moínhos de Portugal - agora só veria esses passarões eólicos, feios e agressivos, ainda que eventualmente necessários. A Associação acabou.

Que sorte, Virgínia, ter tido contacto com pessoas dessas. O Huck, no ano passado, frequentou um curso na Nova, às quintas à tarde, em que semanalmente tinha encontros com escritores portugueses. Um privilégio! Cada vez gosto mais da Poesia dos nossos poetas. A Língua Portuguesa é única.