Como bola colorida, entre as mãos de uma criança.
Lembrei-me agora de Romulo de Carvalho, meu professor de Físico-Químicas, com quem tive uma relação muito particular. Como mestre e como poeta. Devo-lhe muito.
Não me esquecerei da sua primeira aula, estando nós, alunos, sentados num daqueles anfiteatros quase verticais, e em que, em silêncio, o professor Rómulo de Carvalho começou a misturar líquidos de frascos e provetas diferentes, transformando a soma de transparente e transparente em encarnado, depois azul, depois verde, a páginas tantas libertando vapores e fumos, até, num toque último de alquimista, devolver à mistura a sua transparência original. Foi nessa altura que falou, e disse: "meus senhores, isto é a Química".
Um dia, o António Rebelo de Sousa emprestou-me um livro de um tal "António Gedeão". Estava a lê-lo no recreio (devia ter aí uns 13 anos) quando o professor Rómulo me interpelou: "estás a ler isso? O que achas, Cordeirito?". "Estou a adorar, professor!". "Hum!". E nada mais disse, designadamente que era ele, Rómulo, o António Gedeão da poesia. Soube-o mais tarde, por outras vias.
Também tive um conflito com ele (apenas nos jornais, ele nunca soube) sobre o seu "poema anti-Anne Frank" - abordarei esse assunto aqui, um dia.
Mas hoje apeteceu-me falar dele. Porque estava a escrever poesia e lembrei-me do meu Mestre. "O mundo pula e avança" - e apesar de Gedeão se afirmar como céptico, descrente do Homem e da Humanidade, e se afirmar quase como cínico, creio intimamente que não o era, muito pelo contrário...
domingo, 30 de dezembro de 2007
há pessoas que nos marcam - 1
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