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A comparação entre estes dois moínhos, choca-me. Ñão digo que os eólicos geradores de electricidade não sejam necessários, pese embora um amigo meu, que trabalha no ramo e que sabe muito do assunto, me ter confidenciado que nunca chegarão para a cova de um dente, em termos de necessidades nacionais e de eficiência.
Mas passando sobre isso, faz-me impressão, ao viajar por exemplo na A8, a substituição na paisagem de moínhos antigos, eólicos geradores de grão, para os geradores de electricidade. São passarões feios, agressivos, sem nada de romântico (alguém se imagina a fazer amor lá em cima?), e que ocupam o espaço rural como símbolo da "evolução tecnológica". Os outros, os que o grande Vitorino Nemésio apadrinhava através da sua Associação pela Defesa dos Moínhos, são generosos, bonitos, acolhedores. Como na canção, "seus beijos sabem a pão, não tenho de comer mais nada".
O que virá a seguir? Se puderem visitem o complexo de moínhos da Pinhoa, perto da Lourinhã. Ou quaisquer outros. Nem que seja os do Alto da Ajuda, que estão agora a ser recuperados. Antes que o grande pássaro das três asas, com cabine de viajantes do espaço, tome conta da nossa paisagem... e da memória colectiva...