terça-feira, 28 de outubro de 2008

ai as palavras...

Mãe adoptiva de Esmeralda começa hoje a ser julgada por sequestro


Mau jornalismo - Esmeralda não tem mãe adoptiva. Tem uma mãe biológica, e uma senhora que a foi buscar a um consultório de um dentista na Sertã, e que se recusou a entregá-la ao pai biológico há vários anos, apesar da determinação do Tribunal em contrário.

Esmeralda nunca teve mãe adoptiva, pela simples razão de que nunca foi adoptada.

Teve, sim, também, várias "mamãs" (algumas a roçar a histeria) querendo decidir do seu futuro na praça pública e com cruzadas moralizadoras (e confrangedoras).

4 comentários:

Anónimo disse...

Partilho em absoluto da sua opinião.É incrível como os media propagandearam os " feitos valorosos" do casal que tomou conta da criança,como as pessoas se deixaram influenciar e condoer, e como se perguntava a um mero transeunte que desconhecia o processo, quem é que tinha razão e a quem devia ser entregue a menina.E é claro, todos opinavam de sua justiça sem sequer saber o que é verdadeiramente a Justiça. Pergunto-me se um filho de qualquer desses lhes fosse retirado e escondido durante 6 anos, deixava de ser filho deles e passava a ser dos raptores...

Anónimo disse...

Gostaria de fazer uma questão se me for permitido.
Independentemente do mau jornalisto, da falta de conhecimento do processo, ou do que é justo, o que é que é melhor para uma criança nestas circunstâncias?

Mário disse...

Amparo - essa é um questão de fundo, raramente discutida. Aqui há uns anos uma mulher raptou uma criança, creio que na MAC, e a revista Tal e Qual descobriu-a passados 3 anos - foi entregue imediatamente aos pais biológicos. Em Penafiel, há meses, ocorreram casos semelhantes.

A minha questão, que gostava também de ver esmiuçada, é como é que se deu a enterga da criança num consultório de um dentista na Sertã, como é que o sargento e a mulher chegaram ao conhecimento desta criança, porquê na Sertã se eles viviam em Torres Novas, quem foi a intermediária, dado que a mãe da criança parece não ter estado presente?

Além de que o pai biológico, mal confirmou que era o pai, reclamou a criança. E nessa altura, com vinte e poucos anos, sem o mediatismo de agora, o que é que ele tinha a ganhar em ter uma criança a cargo? Se não foi amor paternal, o que foi? Já a mãe biológica "deu-a" ao casal "por debaixo do pano"...

AB - neste momento, depois das gaffes sucessivas da Justiça, do mediatismo, da intervenção extemporânea de algumas figuras públicas e de tanta outra coisa, creio que a Justiça deve prevalecer, mas que a transição do casal que a tem para o pai biológico deverá ser feita com cuidado, embora neste momento, os estragos já estejam feitos e vá ser tudo muito difícil.

A prudência não tem sido nenhuma. O melhor interesse da criança não tem sido assegurado.
A partir de agora é tentar que a criança viva com o pai progressivamente, com apoio psicológico, e sem ver nos que a criaram, para todos os efeitos, inimigos ou adversários.

Será que os intervenientes e o público (e as cabeças pensantes que fazem romarias a Torres Novas ou se empenham nos prós e contras) terão esse bom senso?
PS. uma palavra para a posição do meu colega e amigo Nuno Lobo Antunes, neste processo. Exemplar.
PS2: quando ouço a Drª Maria Barroso apelar ao pai biológico para que "se ama verdadeiramente a sua filha, entregue-a", fico a pensar no que seria se fosse um dos filhos dela, quando o pai deles estava preso ou exilado e a mãe com dificuldades e expulsa do Teatro Nacional por razões políticas. Entregavam-nos a outrém?

Virginia disse...

É um caso bicudo, que daria um filme...

Dentista na Sertã não havia quando por lá andei em 1975, era um barracão onde se esperava à chuva por um dentista que vinha quando vinha.
Deve ter havido grande e escuro negócio para a mãezinha extremosa, que agora devia ser condenada a pena de prisão, não só pelo que fez, mas pelo que anda a fazer.
A criança já está indoutrinada para achar que os pais de 2ª são os verdadeiros e deve odiar o pai verdadeiro como à madrasta da cinderela...
Aquele casal além do mais é estúpido porque não vê que quanto mais tarde tudo se processar, pior é para a criança. A não ser que daqui a uns anitos, quando ela for adolescente, compreenda e se revolte.

É um caso muito complicado e vai haver sempre psicólogos que chamarão a atenção para o traumatismo que uma mudança drástica pode acarretar.