Portugal é o quarto país onde menos se trabalha
Portugal é dos países com menos horas efectivas de trabalho por semana, de acordo com um estudo da Eurofound. A população empregada do país trabalha menos 1,2 horas do que a média e menos 2,9 do que nos países mais laboriosos.
JN on-line
Estas estatísticas deixam-me sempre com pele de galinha. Porque, em termos epidemiológicos, fazem-me farnicoques. Depois porque não dizem nada sobre nada. Mas podem levar a pensar muito sobre muito - é esse o seu verdadeiro (mas encapotado) perigo!
2 comentários:
Também me pergunto: trabalha menos porquê?
Porque não se está à secretária a fazer horas e a falar com os amigos, porque se está no bar durante 5m a tomar um café, porque se entra tarde e a más horas devido à ausência de transportes publicos capazes, porque se não tem onde deixar os filhos e é preciso tomar conta deles, porque se metem licenças sem vencimento que deveriam ser de parto ou de doença?
Ou porque se não quantifica muito do trabalho feito?
Trabalha-se em casa o dobro do que que se trabalha nas escolas, faculdades, institutos, tribunais, repartições porque muitos deles estão degradados e sem gabinetes próprios, sem materiais, sem computadores, com tudo estragado, sem espaços verdes, sem cantinas, sem salas capazes.
Trabalhei talvez mais do que muitos colegas toda a vida...acumulei dois empregos - durante 21 anos, dei aulas em escolas profissionais, como o ISAG e a de Música, dei explicações e mesmo assim passava muitas horas na escola a preparar aulas de video, a fazer seminários com estagiários, projectos fora da escola, entrevistas, etc.Sem falar de ter feito 24 manuais escolares e anexos...
Não se mede o trabalho pelas horas `secretária, mas pelo produto feito e esse passa muitas vezes despercebdio, a não ser quando chega a hora de pagar impostos.
Aí acham que trabalhamos demais e exigem-nos 42% do que ganhámos, sem dó nem contemplações.
Safa.....
Virgínia
Ao trabalhador que queira merecer esta designação exigem-se pelo menos as 65 horas semanais. Quem não quiser este regime é preguiçoso, há pouco a discutir!!!
Tenho de concordar com a Virgínia na relevância do número de horas de trabalho que são "cronometradas". Mas, em abono da verdade, julgo ser vital ir-se ao fundo da questão, (como também fez) porque o que interessa não é o aumento de número de horas de trabalho, é o pais questionar-se se quer mesmo enfrentar as consequências e se consegue sustentar essa alteração, suportando um incremento nas condições de trabalho.
Nestes casos, não sei se legislar é a melhor opção. A regulação do Estado em assuntos como estes pode provocar disparidades pouco saudáveis entre os cidadãos, comprometendo a sua igualdade de oportunidades e ameaçando a sua produtividade e competitividade.
Ao excluir uma abordagem Estado - Sociedade Civil, quero chegar mais perto de cada caso, com toda a atenção e ajustes necessários. Só com um zoom Empregador - Empregado isso pode ser feito. Com bons patrões e líderes, chegam-se com facilidade a acordos sobre como melhor aproveitar as potencialidades do trabalhador, e muito mais importante, descobrir o regime que mais se adapta a ele e o deixa satisfeito.
É das pessoas que falamos. Pois ora vejamos, mais horas não são mais produtividade. Há numerosos estudos que provam que não são mais e mais horas que aumentam indefinidamente a produtividade e não é comendo uma maçã como almoço que andamos para a frente. As pessoas andam cansadas e deprimidas. A razão pela qual odeio andar de transportes é por as pessoas andarem macambúzias e meio atordoadas. Não é possível crescer se uma carrada de pessoas tiver de fazer duas horas para chegar ao emprego fora de Lisboa e outra carrada o caminho inverso. Além disso, temos de apostar com mais força na tecnologia. Há que garantir que cada minuto à secretária ou a fazer outra qualquer função é potenciado.
Quase como "case study" lembro o que foi feito nos últimos anos na segurança social e outros serviços do Estado (como a loja do cidadão). Agora, com melhores computadores e organização, e sobretudo, com o mesmo horário de abertura, o número de pessoas atendidas é superior, e creio que ninguém tem dúvidas que a simpatia e esclarecimentos dados também estão melhores.
Com isto tudo, o que quero dizer é que talvez estejamos a ver a questão de um ponto de vista errado. A pergunta essencial talvez não seja "Não deveríamos nós trabalhar mais?", mas sim "o que podemos nós fazer para melhor aproveitar as horas que passamos no trabalho?"
P.S.- O caso dos professores é um caso que, na minha opinião, é muito peculiar. Há-de sempre existir a triste diferença dos que trabalham e dos que não o fazem. Dos que preparam as aulas e dos que preferem ver televisão. Talvez só discriminando positivamente, como no caso de um sistema de avaliação viável, podemos restituir algum do esforço feito. É triste que haja no ramo alguns a denegrir toda uma classe.
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