quarta-feira, 15 de outubro de 2008

percursos de vida

Pierre Laval e Margaretha Geertruida Zelle. O que têm em comum estas duas personagens?

Uma primeira coisa: ambas morreram a 15 de Outubro. Mas milhões de pessoas, por esse mundo fora, ao longo dos séculos, morreram nesse dia. Hoje mesmo, em Portugal, morrerão cerca de 300.
Porquê o interesse por estas duas pessoas?

Outra coisa comum: ambas foram executadas. Já reduz o espectro e aproxima mais estas duas personagens.

Ainda outra: ambas foram fuziladas em França.

E mais outra. Ambas foram executados devido às Guerras Mundiais do século XX – a I, no primeiro caso, a II, no outro.

Mas mais ainda: ambas foram executadas por alta traição.

Pierre Laval foi o dirigente fantoche do Governo de Vichi, na França ocupada pelos nazis. Era um deputado e senador pacifista que, nos anos trinta, fez uma súbita viragem à direita (acontece!), tendo sido ministro dos negócios estrangeiros e primieor-ministro duas vezes. Anti-comunista primário, denunciou o pacto com a União Soviética e alinhou a França com a Itália fascista. Sendo contra a declaração de guerra da França à Alemanha e encorajou a capitulação, sendo depois ministro de Estado do General Pétain. Depois de ter posto este na sombra, Laval tornou-se o braço direito de Hitler em França. Fugiu para a Alemanha na hora da Libertação, depois para Espanha, de onde foi expulso, procurou refúgio na Áustria e acabou por se render aos americanos, tendo sido julgado, e fuzilado a 15 de Outubro de 1945.

Margaretha Geertruida Zelle era holandesa e chegou a Paris em 1905, sendo uma dançarina de estilo exótico, numa versão sofisiticada de streap-tease. Depois de umas tournées pela Europa, adoptou o nome de Mata Hari (que, em malaio, que dizer “o olho do dia”). O seu catálogo de amantes incluíu altas individualidades francesas, designadamente militares. Em Fevereiro de 1917 foi detida por “espionagem”, e acusada de ter fornecido aos alemães pormenores sobre a nova arma dos Aliados: o tanque.
Considerada culpada de alta traição, foi fuzilada em Outubro desse ano, tendo ficado para a História o facto de ter recusado a venda com que se tapa os olhos dos sentenciados.

Há quem diga que, ao contrário de Laval que foi um peão de brega dos nazis, Mata Hari só cometeu um crime: ter conseguido, através do poder da sua sedução, mostrado a fraqueza dos chefes militares franceses. O destino, esse foi o mesmo...

1 comentário:

Unknown disse...

Felizmente o 15 de Outubro passará a ser, a partir de hoje, uma efeméride de vida.

Parabéns bisavô!!! Grande beijinho

(mesmo na ressaca de mais uma dose de R-CHOP, "não me aguentei" e tive de aqui vir e antecipar um seu post)

Ana LCosta