quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Historieta veneziana

Será que alguém sabia
Que o Signor Lucca de Rabia
e o Duque Theo de Manzanares
Se enfrentaram
E lutaram
Num duelo sangrento
Para pedir em casamento
A bela Laura di Stendici

Eram seis e dez em ponto
Quando as armas se voltaram em confronto
E dispararam quase simultaneamente
Lucca morreu com um tiro no peito
Theo ficou agónico, com a bala de Lucca no rim direito

Enquanto isso,
Aquecida pelo belo edredão,
Que ostentava o brasão
dos Manzanares,
Laura fornicava na sua cama
com o irmão de Lucca e primo de Theo,
Enrique de Chirimoya y Olivares

“Ouviste aquele barulho?” – perguntou
Ele inclinou-se, beijou-a e comentou:
“Devem ser Lucca e Theo a discutir quem matou mais narcejas”
“Excitas-me tanto, meu amor, quando gracejas!”
– riu-se a dama.


poesia de Mário Cordeiro

5 comentários:

Virginia disse...

Tão macabro e tão cínico. Eram estas histórinhas que o nosso Avô Júlio nos contava quando íamos lá a casa, para estarrecimento da Avó, que repetia vezes sem conta: "Oh Júlio, isso não são histórias para as pequenas!".

Nunca mais me esqueci da Tosca, nem do Conde Ungulino, fechado na torre à fome. Bahhhh....e ainda falam de crise:)))

Mário disse...

Este "poema" foi escrito na sequência de observar um "emocionante jogo de sedução enter três meninos de cinco e seis anos e uma menina de cinco, pretensamente namorada de um deles...

Deu-me gozo, pelo menos, mas realmente eram as histórias do Avô, muitas vezes baseadas nas tragédias das óperas e que nós adorávamos, ouvindo depois os discos e até tendo oportunidade de ver no Coliseu.

Virginia disse...

Começam cedo...será que aprovam a lei do dovórcio????

miguel disse...

Muito bem "esgalhado" o poema.

Mário disse...

Miguel: Obrigado!