Ruht wohl, ihr heiligen Gebeine
E que renasçam, quais fénixes, para um 2008 cheio de momentos, sentimentos e pensamentos bons
segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
"boa tarde, senhor Eduardo!"

Sempre no seu posto, na esquina da Praça de Londres com a Avenida Paris, fala do seu passado, de como andava com os irmãos na apanha da castanha, e de como selecciona os excelentes exemplares que assa e serve.

No Verão obsequia-nos com gelados, e é um dos nossos sinais de pertença.
"Boa tarde, Sr, Eduardo" - abre-se a janela do carro e grita-se, faça chuva ou faça sol.
Assim cultivamos os afectos... e enchemos a barriga de castanhas!
domingo, 30 de dezembro de 2007
há pessoas que nos marcam - 1

Lembrei-me agora de Romulo de Carvalho, meu professor de Físico-Químicas, com quem tive uma relação muito particular. Como mestre e como poeta. Devo-lhe muito.
Não me esquecerei da sua primeira aula, estando nós, alunos, sentados num daqueles anfiteatros quase verticais, e em que, em silêncio, o professor Rómulo de Carvalho começou a misturar líquidos de frascos e provetas diferentes, transformando a soma de transparente e transparente em encarnado, depois azul, depois verde, a páginas tantas libertando vapores e fumos, até, num toque último de alquimista, devolver à mistura a sua transparência original. Foi nessa altura que falou, e disse: "meus senhores, isto é a Química".

Também tive um conflito com ele (apenas nos jornais, ele nunca soube) sobre o seu "poema anti-Anne Frank" - abordarei esse assunto aqui, um dia.
Mas hoje apeteceu-me falar dele. Porque estava a escrever poesia e lembrei-me do meu Mestre. "O mundo pula e avança" - e apesar de Gedeão se afirmar como céptico, descrente do Homem e da Humanidade, e se afirmar quase como cínico, creio intimamente que não o era, muito pelo contrário...
Etiquetas:
antónio gedeão,
liceu,
poesia,
química,
rómulo de carvalho,
sentires
aldeia global
sábado, 29 de dezembro de 2007
"emiliações"







sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
há 100 anos...

Foi exactamente há 100 anos que esta ideia teve lugar. Actualmente, sabe-se que se usam múltiplas partes do cérebro, com funções melhor ou pior conhecidas, mas que não se trata propriamente de usar uma parte e a outra (neste caso a esmagadora maioria) estar “em silêncio”, inactiva.
Que realmente o cérebro tem uma plasticidade até agora pouco compreendida, é verdade, o que permite fazer uso de “planos B e C” quando de lesões que alterem alguns neurónios ou vias neuronais. Daí a importância da rehabilitação e da estimulação precoces.
Por outro lado, os estudos com ressonância magnética funcional permitiram ver que, para uma dada tarefa, se “acendem” partes do cérebro muito distantes e que não fazem parte do que se supunha ser um grupo funcional único.
quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
Benazir
no Jardim da Estrela
No dia 24 voltei ao Jardim da Estrela (Jardim Guerra Junqueiro). Já não ia lá há bastante tempo, mas sempre foi para mim um lugar especial porque, para além de ter sido co-desenhado pelo meu tetravô Isidoro Baptista, era um local onde ia muitas vezes durante os sete anos em que frequentei o Liceu Pedro Nunes.
O Jardim continua igual. Lindo. Um espaço azul entre as nuvens.
No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
As árvores, o coreto,
os velhos vestidos de preto,
os indigentes
mal vestidos,
os adolescentes
divertidos,
e até mesmo os funcionários
que, vítimas do horário,
respiram um pouco de ar puro,
e fazendo planos para o futuro
esquecem por momentos o presente
enquanto cumprem o ritual
do seu descanso pós-prandial.
No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
As grades de ferro escuro,
essas sim, têm futuro,
e delimitam a ilha calma,
perdida,
tão cheia de vida
e de alma
e tão bela
que é o Jardim da Estrela.

No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
Até mesmo aqueles estudantes
do liceu
discutindo Marx e Kant
que nenhum ainda leu,
e também os gritos sonantes
dos meninos da João-de-Deus,
os bibes multicolores
formam uma mancha azul, castanha,
amarela,
formam uma estranha
aguarela
um hino de cor
pintado sei lá por que pintor.
Descobrem a vida
e correm atrás dela,
regando de vida
o Jardim da Estrela.

No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
Até o olhar meditabundo
do cego que toca violino,
e que revive em cada nota o mundo
luminoso, de quando era menino.
Há também aquele alentejano
que vende qualquer coisa todo o ano,
gelados no Verão
castanhas no Outono,
e o mendigo de casacão
surrado
que dorme, enrolado,
nos dias de Inverno
um sono
pesado
dir-se-ia eterno.

No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
Os pombos arrulham
as crianças bulham,
e até o berro
dos pavões
e o ferro
dos portões
são sempre iguais
E na cidade poluída
por conceitos de vida
letais,
abre-se de repente uma janela
que é o Jardim da Estrela.
No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
Num imobilismo quase total,
dir-se-ia um postal,
uma fotografia, uma recordação
...Mas naquele banco distante,
alheio ao mundo que o rodeia,
a lua cheia
não desenha no chão,
como dantes,
as sombras abraçadas dos amantes.
O Jardim continua igual. Lindo. Um espaço azul entre as nuvens.

está tudo como dantes.
As árvores, o coreto,
os velhos vestidos de preto,
os indigentes
mal vestidos,
os adolescentes
divertidos,

e até mesmo os funcionários
que, vítimas do horário,
respiram um pouco de ar puro,
e fazendo planos para o futuro
esquecem por momentos o presente
enquanto cumprem o ritual
do seu descanso pós-prandial.

No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
As grades de ferro escuro,
essas sim, têm futuro,
e delimitam a ilha calma,
perdida,
tão cheia de vida
e de alma
e tão bela
que é o Jardim da Estrela.


No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
Até mesmo aqueles estudantes
do liceu
discutindo Marx e Kant
que nenhum ainda leu,
e também os gritos sonantes
dos meninos da João-de-Deus,
os bibes multicolores
formam uma mancha azul, castanha,
amarela,
formam uma estranha
aguarela
um hino de cor
pintado sei lá por que pintor.
Descobrem a vida
e correm atrás dela,
regando de vida
o Jardim da Estrela.

No Jardim da Estrela
está tudo como dantes.
Até o olhar meditabundo
do cego que toca violino,
e que revive em cada nota o mundo
luminoso, de quando era menino.
Há também aquele alentejano
que vende qualquer coisa todo o ano,
gelados no Verão
castanhas no Outono,

surrado
que dorme, enrolado,
nos dias de Inverno
um sono
pesado
dir-se-ia eterno.


está tudo como dantes.
Os pombos arrulham
as crianças bulham,
e até o berro
dos pavões
e o ferro
dos portões
são sempre iguais
E na cidade poluída
por conceitos de vida
letais,
abre-se de repente uma janela
que é o Jardim da Estrela.

está tudo como dantes.
Num imobilismo quase total,
dir-se-ia um postal,
uma fotografia, uma recordação
...Mas naquele banco distante,
alheio ao mundo que o rodeia,
a lua cheia
não desenha no chão,
como dantes,
as sombras abraçadas dos amantes.
et in terra pax hominibus
É o que vos desejo, neste re-início de semana, quase fim outra vez. Com frio mas sem ameaça de chuva.
Paz. Interior, sobretudo. Mas também, exterior.
Vivaldi resume bem este sentir, numa parte especialmente fascinante do seu Gloria. Glória aos humanos e à sua força de viver.
Paz. Interior, sobretudo. Mas também, exterior.
Vivaldi resume bem este sentir, numa parte especialmente fascinante do seu Gloria. Glória aos humanos e à sua força de viver.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
boxing day

Quase à beira de um ano novo, fica o farol-vigia do que se passou e passa, e a grua simbólica do futuro que vamos construir.
Com luz mas com nostalgia. Com dinâmica, mas com tranquilidade. Que o mar invada o nosso rio, mas que não cause danos nem tormentas - apenas ajude a matar a sede e a regar a lezíria.
Boa ressaca e boa preparação de 2008.
terça-feira, 25 de dezembro de 2007
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
presente de Natal

Já que não te posso dar
O barulho do mar
Por que é imenso
E forte
E retumbante
Já que não te posso ofertar
O sentido do ar
Porque é intenso
É norte
E caminhante
Já que não te posso enviar
A luz do luar
Porque é incenso
É morte
E sufocante
Aqui vai o que restou
Na espuma dos dias
O mar que ficou
Depois da ventania
Eu próprio guardado
Num truque de magia
E para sempre selado
Na maresia.
domingo, 23 de dezembro de 2007
missa sem galo

Foi daquelas coisas que quase nos fazem crentes... ou fazem, embora mais da Humanidade do que de qualquer divindade que tire partido das competências e da capacidade humanas para"mostrar trabalho".
Os homens são tendencialmente bons. De Deus já não sei.
Da Missa de Bach só uma coisa a dizer: humanamente divinal!
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
Inverno em Oxford

A neve cai
na relva
dos pátios
dos colégios.
À janela
do meu quarto
está-se bem:
"The central heating
is on, sir..."
diz-me o manager.
Eu sei...
Os estudantes
cruzam-se e conversam
O fumo das lareiras
eleva-se no ar
(Oxford é lindo)
Porquê então
a nostalgia
que me invade?
floco a floco
floco a floco
floco a floco...
como a neve que cai
na relva
dos pátios
dos colégios.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
tão perto e tão distante

Tanto a descobrir, a conhecer, a saber. Será que um dia, como no 2001 de Kubrick, teremos acesso ao Conhecimento?
Por ora ficam estas belas mas perturbadoras imagens do Planeta Vermelho.
Et in terra pax hominibus!
Etiquetas:
espaço,
fotografias,
hubble,
marte,
sentires
os primeiros passos

Apesar de só em meados do século XX se terem compreendido as relações da criança com o pai e a mãe, e mais recentemente o papel na ousadia e na regressão que ambos representam, Van Gogh expressa neste quadro todo o conhecimento empírico do que a Ciência se encarregaria de demonstrar, muitas décadas depois: a criança, no final do primeiro ano de vida, passa do "pólo mãe" para o "pólo pai". Com a alegria e atitude receptiva do segundo (reparem no pormenor do pai se colocar de cócoras, à altura dos olhos da criança), com a mágoa e o sentimento de perda da primeira (tão bem simbolizado no gesto fatalista de a largar). E com o entusiasmo da própria criança, que estende os braços à autonomia e ao risco, estruturada que já está na segurança.
É um quadro admirável, que explica numa imagem o que vemos e passamos no dia a dia. As tristezas, os lutos, a sensação de "pré-reforma" das mães. O re-encontro, a felicidade, o entusiasmo dos pais.
"Corre!". "Cuidado!" - quem diz o quê? Mais importante é que ela aprende a "correr com cuidado". Van Gogh sabia...
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
madonna
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
a minha praceta - 2

E, de repente, pensar que apetecia oferecer uma flor à educadora...


E foi ela quem nos ensinou que as flores se transportam segurando pelo caule, viradas para baixo, para se manterem mais viçosas (aqui ficou para cima, só para a fotografia...)
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
as árvores da João XXI

Li uma vez algures (mas não consegui recuperar a fonte) que eram árvores especiais, muito raras. Se o são ou não, não sei. Mas que cada uma constitui uma obra de arte, disso tenho a certeza.
Vale a pena passar por lá (a pé) e contemplar. Antes que venha a chuva e tudo arraste... até ao ano que vem.
Marguerite Cleenewerck de Crayencour

Faz hoje vinte anos que morreu a primeira mulher eleita para a Academia Francesa.
Quem leu as "Memórias de Adriano" pôde sentir como um livro se entranha por nós, fazendo-nos protagonistas do seu enredo, mas também viajantes na História e curiosos do Tempo.
Quando a Bélgica se partir ao meio, qual das partes irá reclamar a sua memória? Cleenewerck ou Clayencourt? Adriano ou Sarkózy? "Esforcemo-nos por entrar na morte com os olhos abertos" - escreveu. A Humanidade, espero.
Etiquetas:
academia francesa,
efeméride,
literatura,
morte,
mulher,
yourcenar
domingo, 16 de dezembro de 2007
concerto de Natal



Fotografias: MC (quase "em directo")
Etiquetas:
apontamentos; feriados,
igreja,
música,
natal
ainda as árvores de Belém
sábado, 15 de dezembro de 2007
lanche de Natal do Eduardo
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
ódio de estimação - 2

Não tenho, ao contrário do que referi quanto às esfregonas (ver "ódio 1"), motivos especiais para corporizar no Fernando Mendes um ódiozinho pessoal.
Mas o que é certo é que algo nele me provoca urticária. O aspecto, a voz, o paupérrimo conteúdo dos concursos, a graça fácil e quase bacoca.
Um plano alimentar inteligente fá-lo-ia com certeza muito mais feliz, tenho a certeza, porque nenhum obeso gosta verdadeiramente de ser obeso. Mas também deixaria de pertencer à minha galeria de "odiáveis", valha a verdade...
De qualquer maneira, Bom Natal para ele! E se um dia decidir ter o peso equilibrado será melhor apresentador e terá uma auto-estima maior - "prometo!".
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
se o ridículo matasse

A dada altura, depois de passar pela prisão por indiciada em envolvimento no caso das FP25 (terroristas que cometeram crimes de sangue programados e executados a frio), foi absolvida, recuperou a liberdade e passou a exercer endocrinologia no Hospital de Santa Maria.


Mas o que é verdadeiramente "revolucionário e de esquerda" nos seus livros, é a forma como Isabel do Carmo assina: Vejam bem: Profª Isabel do Carmo. Já conheciam Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner, Miguel Sousa Tavares ou Miguel Cervantes. Unamuno ou Pearl Buck. Gabriel Garcia Marquéz ou António Lobo Antunes. Mas Profª?
Pensava que só os generais e os padres podiam colocar os seus títulos antes do nome, nos livros. Se assim é, abre-se a excepção à Srª Profª. É caso para dizer: se a má alimentação engorda, o ridículo pode matar.
Ai tão revolucionários que nós somos, ou recuperando uma velha frase salarazenga: "você sabe com quem está a falar?"... com uma Profª, claro. Portanto, juizinho!
Etiquetas:
apontamentos,
isabel do carmo,
livros,
ridículo
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
les français sont toujours gais (perdoe-se a corruptela)



Etiquetas:
comentário,
frança,
kadaffi,
napoleão,
política
Subscrever:
Mensagens (Atom)